A rescisão do contrato de trabalho é um tema central nas relações trabalhistas, pois marca o término da relação entre empregado e empregador. Este processo pode ocorrer por diversas razões, tanto por vontade do empregado quanto do empregador, e envolve aspectos legais que precisam ser respeitados para garantir os direitos de ambas as partes. Neste artigo, vamos explorar como funciona a rescisão de contrato de trabalho, os tipos de rescisão e os direitos e deveres envolvidos.
Tipos de Rescisão de Contrato de Trabalho
Existem diferentes tipos de rescisão de contrato de trabalho, cada uma com suas particularidades:
1. Rescisão Sem Justa Causa
A rescisão sem justa causa ocorre quando o empregador decide encerrar o contrato de trabalho sem um motivo justificado. Nesses casos, o empregado tem direito a:
– Aviso prévio: O empregador deve conceder um aviso prévio de no mínimo 30 dias, podendo ser mais dependendo de quantos anos o empregado trabalhou na empresa.
– Férias vencidas e proporcionais: O empregado tem direito ao pagamento das férias que não foram usufruídas, além das férias proporcionais ao tempo trabalhado no ano em curso.
– 13º salário proporcional: O cálculo do 13º salário deve ser proporcional aos meses trabalhados no ano.
– Saldo de salário: O trabalhador deve receber o pagamento referente aos dias trabalhados até a data da rescisão.
– Saque do FGTS mais multa 40%: O empregador deve pagar uma multa de 40% sobre o saldo do FGTS acumulado durante o período de trabalho.
– Seguro desemprego.
2. Rescisão Com Justa Causa
A rescisão por justa causa ocorre quando o empregado comete uma falta grave que justifica o término do contrato, como:
– Ato de improbidade (desonestidade).
– Insubordinação ou indisciplina.
– Mau comportamento (ex: agressões).
– Ato lesivo à honra ou à imagem do empregador.
Nesses casos, o empregado não tem direito a algumas verbas rescisórias, como:
– Aviso prévio.
– Multa de 40% do FGTS.
– Férias proporcionais.
Este, recebe apenas:
– Saldo de salários.
– Férias vencidas.
3. Rescisão por Acordo Entre as Partes
A rescisão por acordo é uma modalidade mais recente, prevista pela Reforma Trabalhista de 2017. Nela, empregado e empregador concordaram em encerrar o contrato. Os direitos do empregado incluem:
– Aviso prévio.
– Recebimento de 80% do valor dos saques de depósito do FGTS.
– Indenização de 20% sobre os depósitos do FGTS.
– Férias vencidas e proporcionais.
– 13º salário proporcional.
4. Rescisão Indireta
A rescisão indireta é a opção do empregado de encerrar o contrato devido a faltas graves cometidas pelo empregador, como:
– Atrasos frequentes no pagamento de salários.
– Mudanças unilaterais nas condições de trabalho.
O empregado, nesse caso, pode reivindicar os mesmos direitos de uma rescisão sem justa causa.
Procedimento de Rescisão
O processo de rescisão do contrato de trabalho envolve algumas etapas importantes:
1. Comunicação da Rescisão: O empregador deve comunicar ao empregado a decisão de rescisão, preferencialmente por escrito, explicando os motivos, quando aplicável.
2. Documentação: É necessário preparar a documentação pertinente, que inclui:
– Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT).
– Guias para o levantamento do FGTS.
– Comprovantes de pagamento de verbas rescisórias.
3. Pagamento das Verbas Rescisórias: O pagamento das verbas rescisórias deve ser feito até 10 dias após a rescisão, conforme estabelecido pela legislação trabalhista.
4. Homologação (se necessário): Em casos onde o empregado possui mais de um ano de trabalho na empresa, a rescisão pode precisar ser homologada por um sindicato da categoria.
Direitos do Empregado
Durante a rescisão do contrato, é fundamental que os direitos do empregado sejam respeitados. Os principais direitos incluem:
– Receber todos os salários e benefícios devidos.
– Ter acesso às informações sobre as verbas rescisórias.
– Retirar o saldo do FGTS e, quando aplicável, receber a multa de 40%.
– 13° proporcional.
Considerações Finais
A rescisão de contrato de trabalho é um processo que deve ser conduzido com cuidado e atenção, tanto por parte do empregador quanto do empregado. Conhecer os direitos e deveres envolvidos ajuda a evitar conflitos e a garantir uma transição mais tranquila para ambas as partes. Para situações mais complexas, é sempre recomendável buscar a orientação de um advogado especializado em Direito do Trabalho ou consultar o sindicato da categoria. Assim, é possível assegurar que todos os procedimentos sejam realizados de acordo com a legislação vigente, protegendo os interesses de todos os envolvidos.
Leia também – Acerto pós demissão